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terça-feira, 3 de abril de 2012

Laser _ Luz Intensa Pulsada _ Luz Pulsada _ LIP


LUZ INTENSA PULSADA

A pele vai adquirindo ao longo da vida uma aparência mais envelhecida, influenciada por vários fatores. Os sinais da idade e os danos solares são mais visíveis nas pessoas a partir dos 35 anos. O fotoenvelhecimento, provocado principalmente pelas radiações UVA e UVB, surge nas áreas da pele expostas ao sol, devido ao efeito repetitivo da ação dos raios nestes locais. Esta ação varia de indivíduo para indivíduo, pois depende do grau de pigmentação da pele, da predisposição individual e da frequência e duração da exposição solar durante a vida.

Os aspectos do visíveis do envelhecimento na pele, podem apresentar diferenças em cada área, por exemplo: a pele da face pode se tornar áspera, espessa, amarelada, sem elasticidade e apergaminhada. Aparecem as pigmentações tipo sardas, os poros se dilatam e surgem as rugas. No pescoço e colo, a pele se torna atrófica, pequenos vasos sanguíneos se dilatam e as manchas se tornam presentes. Nos braços e mãos, surgem manchas escuras, a pele torna-se flácida, áspera e com aspecto envelhecido.

Vários tratamentos podem melhorar essas condições, desde simples cremes, peelings, a aplicação de lasers e Luz Intesa Pulsada, e até mesmo a cirurgia. Como existem muitos tratamentos disponíveis e diferentes indicações, o ideal é que seja realizada uma consulta com seu Dermatologista para que ele possa indicar qual o tratamento mais adequado para cada situação.

O rejuvenescimento com a Luz Intensa Pulsada é uma nova tecnologia de luz chamada não ablativa, porque não retira as camadas de pele, que permite corrigir várias lesões da pele facial e corporal.

O aparelho de luz intensa pulsada usa uma tecnologia que emite luz, mas não é um laser. No entanto, assim como nos aparelhos de laser, esta luz gera calor na pele, que atinge vários tipos de alvo: a melanina (manchas), os vasos sanguíneos (microvarizes na face e colo) e a água (responsável pela produção de colágeno na redução de rugas e da flacidez). Assim, o vermelho dos vasos, e a cor escura das pigmentações superficiais são atingidos, enquanto a pele normal é protegida por ter menor reação à luz e por um sistema de resfriamento. As mesmas características físicas fazem com que a luz atinja a profundidade da derme, alterando positivamente a produção de colágeno.

A Luz Pulsada atinge a superfície da pele e permite corrigir várias lesões da pele facial e corporal decorrentes do fotoenvelhecimento como: rugas finas, envelhecimento facial, envelhecimento das mãos, do dorso e pescoço, vasos faciais muito finos, rosácea, manchas, danos solares, mudanças de textura da pele, olheiras e poiquilodermia (manchas, vasos e envelhecimento do colo e pescoço).

A aplicação consegue uma redução significativa das lesões. O tratamento inicia-se de forma superficial, para combater as lesões superficias, como as sardas e microvarizes. Posteriormente, se aprofunda, para estimular a produção de colágeno, devolvendo um aspecto saudável para a pele. Além do rosto, podem ser tratados as mãos, braços, tronco, colo e pescoço.

O tratamento é feito em até 10 sessões, dependendo do que estamos tratando e da pele do paciente e do equipamento utilizado por seu médico, uma a cada mês, é praticamente indolor e o paciente pode retornar às suas atividades logo após a sessão.

Os aparelhos podem ser de pequena, media e grande intensidade dependendo da quantidade de Joules emitido por eles. Os aparelhos de pequena intensidade são os de clinicas de epilação e realizados por esteticistas ou os de uso domésticos, ja os de media e grande intensidade são realizados por médicos pois podem causar lesões na pele se não utilizados corretamente.


Acne

A Acne começa quando a abertura do folículo piloso é bloqueado. As bactérias que deixam no interior do folículo piloso (P. Acne) começam a se multiplicar rapidamente e os órgãos do sistema imunitário tentam combater as bactérias começa uma inflamação. E a Acne aparece. Enquanto a atividade continua a inflamação bacteriana continua e o Acne florescer.

Largo espectro de alta intensidade luminosa é absorvida na foto excitação processo e libera um cantar-let oxigênio, que se revelan fatal para a bactéria P. Acne, clara e eficaz na inflamação uma fração do tempo que leva nos tratamentos tópicos ou orais . Esta reação é confinada às bactérias e não tem qualquer efeito sobre o tecido circundante . A luz intensa pulsada libera um oxigenador que elimina as bactérias, assim terminando a inflamação e a acne desaparece


O IPL é uma fonte de luz de alta intensidade que emite luz policromática (515 nm a 1200 nm)  não coerente.

Numa lâmpada de Xenônio, fonte do EEM IPL, o filamento da lâmpada se aquece devido à corrente elétrica que o atravessa, por efeito Joule .

O Xenônio é comumente usado como uma fonte de luz devido à iluminação brilhante que fornece quando exposto à energia. A lâmpada de Xenônio, primeiramente desenvolvida para servir de fonte de bombeio para o laser, vem sendo usada terapeuticamente com aplicações diretas. Nos anos 60, começou a ser usada com propósitos médicos, ao surgirem dados em uma publicação que abordava, entre outros temas, um tipo de tratamento da pele. Até o presente momento, não são utilizadas outras fontes para equipamentos eletromédicos a IPL que não sejam as lâmpadas de Xenônio.



Radiação luminosa
               A radiação eletromagnética de comprimento de onda na faixa da radiação Ultra-violeta até a infra-vermelha - aproximadamente entre 200 nm e 20 m – é usualmente chamada de luz.  A luz visível tem comprimento de onda entre 400 nm e 700 nm .

Características que diferenciam laser e IPL

                     Laser                                                                   IPL
l  Monocromático (em geral)                      Policromático
l  Várias aplicações na medicina                 Aplicações em dermatologia e angiologia
l  Coerente e colimado                              não coerente e não colimado (não paralelo)
l  Pode atingir maior potência que o IPL       Atinge menor potência que o laser
l  Área de ação menor que a área de          Área de ação maior que a área de ação do laser IPL
l  Temperatura superior a do IPL                Temperatura inferior a do laser


Interação Tecidual
l        O comprimento de onda emitido que determina qual tecido exposto à radiação absorverá a radiação.
l        As moléculas do tecido capazes de absorver radiação luminosa são denominadas cromóforos.
l        A luz deve ser absorvida pelo tecido para que seja possível ocorrer um efeito clínico . A densidade de energia absorvida é medida em Joules por centímetro quadrado (J/cm2), e é chamada de fluência tanto para o laser quanto para IPL.
l       fototermólise seletiva ocorre quando há uma lesão térmica em tecido biológico específico, provocada por pulsos de radiação que são absorvidos de maneira seletiva pelo cromóforo-alvo

Os cromóforos cutâneos são:
l    Água, melanina, hemoglobina e a oxihemoglobina.
l    Quando um cromóforo absorve radiação luminosa, ocorre geração de calor, destruindo o tecido que a absorveu. A luz absorvida é convertida em calor no alvo e rapidamente se dissipa, através de condução e irradiação nos tecidos adjacentes.
l    Alguns cromóforos absorvem melhor determinados comprimentos de onda. A melanina (encontrada na epiderme, no pêlo e no folículo piloso) tem um espectro de absorção largo.
l    Como cada cromóforo absorve os diversos comprimentos de onda de maneira diferente de outros cromóforos, o comprimento de onda é selecionado em função da patologia a ser tratada.
l     Determinados comprimentos de onda podem não ser utilizados em certos tipos de tratamentos. Comprimentos de onda inferiores a  = 400 nm não devem ser empregados para terapias vasculares e dermatológicas, pois essa é uma região que se aproxima dos raios ultra-violetas (UV) e há risco de provocar câncer.
l    Os comprimentos de onda abaixo de 525 nm não são indicados para alguns tratamentos dermatológicos por serem comprimentos de onda curtos, pois têm curta penetração e são principalmente absorvidos pelas camadas mais superficiais da epiderme, podendo causar pigmentações indesejadas.
l    O amarelo e o verde também são bem absorvidos pela melanina e muito pouco pela água. Alguns comprimentos de onda dentro do espectro do verde e do amarelo são fortemente absorvidos pela hemoglobina e pela oxihemoglobina. A oxihemoglobina é o principal cromóforo dos vasos sanguíneos.

Absorção de cromóforos cutâneos: a hemoglobina (1), oxihemoglobina (2) e melanina (3) conforme o comprimento de onda

Fototermólise Seletiva

 Parâmetros reguláveis pelo operador
l  Filtros – A profundidade de penetração aumenta quanto mais longos forem os comprimento de onda utilizados.
l  Duração, Fracionamento e Intervalo do Pulso 
l  Fluência – quantidade de energia emitida por unidade de area, em Joules por cm2, diminui rapido com a profundidade . A maior parte da energia é dissipada na epiderme, por isso necessita de resfriamento ou gel.

Filtros utilizados em IPL
Cut-off 640nm–1200nm             APLICAÇÃO                    ESPECTRO
l  390                              ACNE                              AZUL
l  520                              MANCHAS DE PELE       AMARELO
l  590                              VASOS SANGUÍNEOS     LARANJA
l  640                              PÊLOS                            VERMELHO
       Filtros cut-off, que limitam a banda do espectro luminoso, apenas o comprimento de onda desejado irá atingir o tecido alvo. 
        Alguns equipamentos são fabricados com os filtros absorvedores (a energia no espectro bloqueado é convertida em calor), com filtros dielétricos (a energia no espectro bloqueado é simplesmente refletida), ou com filtros fluorescentes, cujo nome comercial é MBC (convertem os comprimentos de onda não utilizados ou nocivos em comprimentos de onda utilizáveis e não-nocivos).

Muitos EEM IPL utilizam filtros dielétricos
l  A escolha do filtro depende do fototipo, fototipos escuros, com maior concentração de melanina, utilizam-se filtros com comprimentos de onda mais longos para reduzir a absorção reduzindo os efeitos colaterais. Este sistema também permite a escolha da duração e fracionamento dos pulsos.
l  A duração dos pulsos devem ser menor que o tempo de relaxamento térmico (TRT- tempo que o tecido leva para perder 50% do calor sem conduzi-los para as estruturas adjacentes) evitando lesões por aquecimento nos tecidos adjacentes.
l  O fracionamento dos pulsos em duplos ou triplos permite que a epiderme e os vasos menores resfriem nos intervalos entre os pulsos e os vasos mais grossos e foliculos pilosos permanecem quentes pelo aquecimento aditivo diminuindo o risco do dano térmico a pele pois não atinge a temperatura que o causaria.

Importante
l            As peles escuras não devem sofrer ação de pulsos sobrepostos, podendo causar superaquecimento da superfície da pele e, conseqüentemente, queimadura. 
l           Em qualquer tipo de pele, não devem ser administrados pulsos repetidos na mesma região sem que haja intervalos de tempo adequados;
l            Necessário respeitar intervalos entre tratamentos.
l            Os resultados do tratamento dependem do tipo de pele, de sua sensibilidade e fisiologia, da idade, do sexo, das condições de saúde e outros elementos característicos de cada indivíduo, bem como dos parâmetros do equipamento (potência, fluência, filtro, duração de pulso, intervalo entre pulsos etc),
l            O colágeno (substância encontrada na pele) é encolhido entre as temperaturas de 60 ºC e 70 ºC [1]; através deste efeito se obtém o rejuvenescimento da pele.
l            IPL utilizam a melanina e a hemoglobina como cromóforos, porém, nesses equipamentos, a hemoglobina é o cromóforo principal.
l            A irrigação (alimentação) do bulbo capilar é destruída. Este efeito é exclusivo ao IPL, uma vez que não é colimado como o laser e possui potências mais baixas, se comparadas às do laser utilizado para esse fim.
l            As potências mais baixas permitem penetração mais profunda da energia, sem provocar efeitos indesejados aos tecidos.
Indicações
l  Hemangiomas planos, cavernosos benignos
l  Malformações venosas benignas, telangiectasias-
l  Efélides, lentigos solares, nevos melanocíticos, melasmas
l  Poiquilodermia de Civatte
l  Epilação, hipertricose
l  Rejuvenescimento
l  Estrias
  • Rosácea e melanoses (manchas de sol)
  • Sulcos, flacidez, rugas e olheiras
  • Cicatrizes de acne

Efeitos Colaterais
l  Sensação de queimação ou punctura
l  Eritema transitório
l  Edema Ocasional
l  Púrpura transitória
l  Crostas
l  Hiper ou hipopigmentação ( mais comuns nos fototipos escuros ou com pele bronzeada ou tratamento de hipertricose)

Contra Indicações
l  Gestantes
l  Portadores de doenças agravadas pela luz
l  Uso de drogas fotossensibilizantes
l  Lesões suspeita de malignidade

A parelho Active _ especificações.
l  Comprimento de onda: 420 – 1100 nm ( controlada pelo tipo de patologia que se deseja tratar)
        l  Energia: Variável de 10 à 22 J/cm2 – Fluência ( controlada pela escolha do fototipo)
l  Duração do Pulso: 10 ms
l  Tempo de Tratamento: 1 disparo a cada 2 a 3 segundos

Luz intensa pulsada no fotoenvelhecimento: avaliação clínica, histopatológica e imuno-histoquímica

Régia Celli Ribeiro PatriotaI; Consuelo Junqueira RodriguesII; Luiz Carlos CucéIII

IMestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Médica- assistente, Departamento de Dermatologia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) - São Paulo (SP), Brasil
IIProfessora-associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Laboratório Biomecânica (LIM 41) - São Paulo (SP), Brasil
IIIProfessor-titular emérito, Departamento de Dermatologia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) - São Paulo (SP), Brasil

Endereço para correspondência

An. Bras. Dermatol. vol.86 no.6 Rio de Janeiro Nov./Dec. 2011


RESUMO

FUNDAMENTOS: A luz intensa pulsada tem sido muito utilizada no tratamento do fotoenvelhecimento sem completo conhecimento de seu mecanismo de ação.
OBJETIVO: Estudar a ação da luz intensa pulsada no fotoenvelhecimento e na resposta imunológica cutânea por meio de estudo clínico, histopatológico, avaliando células de Langerhans (CD1), expressão da molécula de adesão intercelular, de linfócitos CD4 e CD8 e quantificação de colágeno e fibras elásticas.
MÉTODOS: Um total de 26 pacientes, com idades entre 40 e 65 anos, com fototipos II a III de Fitzpatrick, foram tratadas do fotoenvelhecimento usando LIP, em 5 sessões, com intervalo mensal, durante o ano de 2006. Todas as pacientes foram submetidas à avaliação histológica e imuno-histoquímica 6 meses após o tratamento.
RESULTADOS: Ao término do tratamento, houve melhora clínica em 76,92% dos casos, estando relacionada ao aumento significante de fibras colágenas (51,33%) e elásticas (44,13%). O tratamento com luz intensa pulsada promoveu redução de linfócitos CD4 e não alterou a intensidade de linfócitos CD8. Além disso, promoveu aumento significante de pequenos vasos sanguíneos, não ectásicos, molécula de adesão intercelular positivos.
CONCLUSÃO: O tratamento facial com luz intensa pulsada promoveu intensa melhora clínica que foi comprovada pelo estudo histopatológico da pele, constituindo boa opção de tratamento para o fotoenvelhecimento cutâneo, por ser técnica não- ablativa, segura e eficaz.

Palavras-chave: Colágeno; Envelhecimento da pele; Lasers; Rejuvenescimento; Tecido elástico

ABSTRACT

BACKGROUND: Intense pulsed light has been used in the treatment of photoaging without a full understanding of its mechanism of action.
OBJECTIVE: To study the effect of intense pulsed light on photoaging and on the skin immune response by means of a clinical and histopathological study, evaluating Langerhans cells (CD1), expression of intercellular adhesion molecule, of CD4 and CD8 lymphocytes and quantification of collagen and elastic fibers.
METHODS: In 2006 a total of 26 patients, aged 40 to 65 years, with phototypes II to III (Fitzpatrick scale), were treated for photoaging using intense pulsed light in five sessions with a monthly interval. All the patients were subjected to histological and immunohistochemical evaluation 6 months after treatment.
RESULTS: At the end of the treatment clinical improvement was observed in 76.92% of cases. This improvement was associated to a significant increase of collagen (51.33%) and elastic (44.13%) fibers. Intense pulsed light treatment led to a reduction of CD4 lymphocytes and did not alter the amount of CD8 lymphocytes. It also led to a significant increase of small, nonectatic blood vessels, positive intercellular adhesion molecule.
CONCLUSION: Facial treatment with intense pulsed light promoted major clinical improvement that was confirmed by histological examination of the skin. This technique is a good treatment option for skin photoaging because it is non-ablative, safe and effective.

Keywords: Collagen; Elastic tissue; Lasers; Skin aging; Rejuvenation





INTRODUÇÃO

O envelhecimento cronológico ou intrínseco é determinado geneticamente; e o envelhecimento extrínseco, também chamado fotoenvelhecimento, ocorre por exposição à radiação ultravioleta.1 Em relação aos fenômenos histológicos do envelhecimento, existem diferenças entre o intrínseco e o extrínseco. No envelhecimento extrínseco, a epiderme apresenta hiperqueratose, os melanócitos estão em maior número e observa-se o achatamento da junção dermoepidérmica. Na derme, há larga faixa de material eosinofílico, chamada de Zona Grenz, Na derme, há larga faixa de material eosinofílico, Zona Grenz, e presença de material elastótico formando massas amorfas basofílicas, que corresponde a acúmulo de fibras elásticas. Os fibroblastos estão em número reduzido e as fibras colágenas são finas 2

A luz intensa pulsada desenvolvida por Goldberg, embora não seja um LASER, é uma luz nãocoerente, que abrange comprimento de onda amplo para ser absorvido pelo cromóforo desejado, pois trata o alvo com um feixe de luz específico, por meio da utilização de filtros de corte e regulagem do tempo de exposição do pulso de luz e intervalo entre estes.3

O fotorrejuvenescimento não-ablativo com a luz intensa pulsada funciona causando dano térmico reversível do colágeno pela penetração da luz na derme e aquecimento direto destas estruturas, poupando a epiderme. Desta forma, obtém-se a contração das fibras de colágeno e a remodelação propriamente dita das fibras após o período inflamatório.



PACIENTES E MÉTODOS

O grupo de estudo consistiu em 26 mulheres, com idades entre 40 e 65 anos (média de 51,7 anos). As pacientes apresentavam fototipos II e III de Fitzpatrick e fotoenvelhecimento cutâneo na face, grau III, pela escala de Glogau.4,5 Os procedimentos tiveram início após a explicação detalhada da pesquisa e a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Critérios de exclusão foram: pacientes previamente submetidas a algum procedimento cosmético na região da face, incluindo tratamento com LIP ou Laser, pele bronzeada e/ou fototipos V e VI de Fitzpatrick, portadoras de doenças agravadas pela luz, pacientes em uso de drogas fotossensibilizantes, pacientes com história de queloide ou cicatriz hipertrófica, impossibilidade de fazer fotoproteção durante todo o tratamento, doenças cutâneas em atividade na região da face ou recusa em assinar o termo de consentimento.4

O delineamento do estudo consistiu em submeter as pacientes a tratamento facial com LIP e realizar estudo histopatológico da pele pré e pós-tratamento. Para tal, as seguintes rotinas foram adotadas: 1- trinta dias antes do início das aplicações com a LIP, todas as pacientes fizeram preparo da pele com ácido retinoico 0,025% mais hidroquinona 4% na face, à noite; 2após o início do tratamento, as pacientes foram orientadas a usar somente filtro solar FPS 30 na face durante o dia e evitar exposição direta ao sol; 3- as pacientes foram submetidas à documentação fotográfica da face pré e 6 meses após o início do tratamento, em três posições: anterior, lateral direita e lateral esquerda; 4- foram realizadas biópsias de pele pré e pós-tratamento; 5- tratamento facial com 5 sessões de LIP; 6estudo histopatológico das biópsias.

As biópsias de pele foram realizadas na região pré-auricular direita em área acometida pelo fotoenvelhecimento, utilizando "punch" descartável nº 4, após anestesia infiltrativa com lidocaína 2% sem vasoconstritor. A sutura foi feita com fio mononylon 6.0 e os pontos, retirados com 5 dias.

As pacientes foram submetidas a 5 sessões, com intervalo mensal, na região da face com o equipamento de luz intensa pulsada, Record 618, Israel. Este aparelho possui tecnologia de banda larga-GEM (Geometrical Energy Management), emite luz nos comprimentos de onda entre 420 a 1100nm, duração de pulso de 10 milissegundos, pulso único, energia de 10 a 22 J/cm2, programa de 0 a 12 e resfriamento a ar. Possui ponteira de 1.5 x 5.0 cm. Neste estudo, foi escolhida energia 20 J/cm2 (programa 10) para todas as pacientes, a mais adequada para os fototipos II e III de Fitzpatrick. Foi utilizado gel resfriado transparente, formando camada fina para melhor acoplamento da ponteira na pele e também para proteção da epiderme.

A cada sessão, a aplicação foi realizada em toda a face. Os disparos foram feitos adjacentes um ao outro, sendo feitas 3 passadas. Nas regiões do sulco nasolabial, região glabelar, região peribucal e periorbicular foram feitos mais 2 disparos subsequentes. Óculos de proteção foram utilizados pelas pacientes e pelo pesquisador durante as aplicações. Para alívio do eritema e da ardência decorrentes da aplicação, as pacientes eram orientadas a fazer compressas geladas.

A avaliação dos efeitos colaterais (eritema, edema, ardência e crostas) foi feita imediatamente após a realização de cada sessão e em cada retorno.

A avaliação clínica consistiu em análise das fotografias clínicas pré e pós-tratamento, de cada paciente, por 3 especialistas em Dermatologia. A melhora foi classificada em: melhora discreta, moderada e intensa em relação ao aspecto de textura, clareamento de manchas e melhora de rugas finas da pele facial.

As pacientes foram avaliadas em relação ao grau de satisfação com notas de 0 a 10.

A avaliação histopatológica foi realizada por histomorfometria com auxílio de sistema analisador de imagens Kontron 300 (Zeiss). As biópsias de pele foram imersas em solução de formalina 10% em tampão fosfato, por 24 horas, seguindo para rotina histológica. Dos blocos de parafinas foram obtidos cortes de 3µm de espessura que foram submetidos à coloração de Picrosirius para fibras colágenas, Weigertoxona para fibras elásticas, e às reações de imuno-histoquímica para linfócitos CD4 e CD8, ICAM-1 para vasos e CD1 para células de Langerhans. A quantificação de fibras colágenas e elásticas e dos vasos foi realizada pela fração de área (%). A avaliação das células de Langerhans foi obtida pelo número de células positivas para CD1 por área de epiderme (µm2). Células positivas para CD4 e CD8 na derme foram avaliadas por método semiquantitativo.

Os dados obtidos foram analisados por Estatística Descritiva: média, desvio-padrão, valor mínimo, máximo e mediana. Para avaliar se um mesmo tratamento promoveu diferença, compararam-se os dados pré e pós-tratamento. Os valores foram submetidos à teste de normalidade. Quando o teste de normalidade foi significante, utilizou-se o Teste Estatístico de Análise de Variância. Quando os valores obtidos não se distribuíam segundo uma curva normal, foi utilizado o teste estatístico não-paramétrico de Kruskal-Wallis. Os testes estatísticos foram realizados com auxílio do programa SigmaStat (JandelCientific, CA, USA), aceitando como nível de significância p< 0,05.



RESULTADOS

A melhora clínica da pele após 6 meses do início do tratamento foi de moderada a intensa em 76,92% dos casos (p< 0,05).

A avaliação histopatológica revelou aumento intenso e significante de 51,33% (p<0,05) de fibras colágenas e 44,13% de fibras elásticas (p<0,05) (Figuras 1 e 2). Observamos também que estas fibras colágenas e elásticas neoformadas mostraram distribuição uniforme seguindo eixo paralelo à superfície da epiderme, envolvendo não só a derme reticular superficial e média como também a profunda.





A quantificação de células de Langerhans CD1+ no início do estudo foi de 896.440 cels/mm2 e de 725.900 cels/mm2 após o tratamento (p=0.083), mostrando não ter ocorrido diferença significante.

A avaliação dos linfócitos CD8 mostrou não haver diferença (p=0.123) entre pré (1,0) e pós-tratamento (1,0), enquanto em relação aos linfócitos CD4 observou-se redução da intensidade pós-tratamento (3,0) em comparação ao pré-tratamento (2,5), sendo esta diferença significante (p=0.5).

Houve aumento significante da fração de área de pequenos vasos sanguíneos na derme, não-ectásicos, expressos pelo ICAM-1 positivo, após 6 meses do início do tratamento, variando de 0,527% para 0,924% ( p<0.05) (Figura 3).




DISCUSSÃO

O fotorrejuvenescimento não-ablativo é um método que tem sido bastante estudado atualmente, visando à reversão do envelhecimento cutâneo, por meio da utilização da LIP, com o objetivo de criar um dano dérmico sem ablação da epiderme. A reação da derme à agressão faz-se pelo aumento da produção de colágeno e reabsorção do material elastótico.6 As explicações para a síntese de novo colágeno incluem a absorção da luz pelo sangue, que aumenta a temperatura ao redor dos vasos, transferindo o dano térmico ao tecido adjacente e causando a liberação de mediadores inflamatórios, que induziriam o processo de cicatrização. A energia também estimularia diretamente os fibroblastos a produzir mais colágeno.7

As pacientes do presente estudo apresentaram uma melhora da flacidez cutânea, que estaria relacionada ao aumento de colágeno na derme reticular profunda, o que promoveu efeito "skin tightening" ao final do tratamento.

Tais resultados também foram obtidos em estudos que utilizaram diferentes tipos de LASER para o fotorrejuvenescimento não-ablativo no tratamento do envelhecimento cutâneo. Por meio de avaliação histopatológica, demonstraram síntese de colágeno e melhora da elastose solar em diferentes graus.3,6-10

Efeitos colaterais, como edema e eritema da pele fotoenvelhecida, observados imediatamente após a aplicação da LIP, são devido à reação inflamatória da pele, provocada pela interação da luz com o tecido, com liberação de calor.11 Esses efeitos duraram de 24 a 72 horas e desapareceram completamente. É referida na literatura, além de edema e eritema, a possibilidade de vesiculação em 24-36 horas após a sessão, com posterior formação de crostas que desaparecem no período de 7 a 14 dias.11 No presente estudo, 22% de indivíduos apresentaram crostas na face, as quais apareceram 24 horas após a sessão e duraram aproximadamente uma semana. Como sua duração foi menor que o tempo de turnover da epiderme (4 semanas), provavelmente elas foram produzidas por queimadura superficial.12

Fournier afirma que, em todos os processos de remodelação ou "resurfacing", espera-se que a zona grenz se espesse pelo aumento da deposição de colágeno, com reorganização em arranjos paralelos com fibrilas compactas. Afirma, porém, que este processo leva meses para ser visualizado, após o procedimento.9

Sadick, em um estudo sobre fotorrejuvenescimento não-ablativo, afirma que os resultados são tardios, sendo as modificações de pigmentações, vasculares e pilossebáceas, notadas em 3 a 6 meses, e a redução das rugas após 12 a 18 meses.13

Feng e Zhao afirmaram que o mecanismo de ação da LIP no rejuvenescimento pode ser explicado pelo aumento da atividade de fibroblasto, hiperplasia de fibroblasto e rearranjo de colágeno e elastina dentro do estroma.14

Li et al avaliaram a eficácia e segurança da LIP no tratamento do fotoenvelhecimento da face nos asiáticos; 89,5% dos pacientes classificaram sua melhora geral como excelente ou boa. Os efeitos adversos foram limitados à dor leve e eritema transitório.15

O tratamento com LIP não promoveu alteração da imunidade da pele em relação a CD1, CD4 e CD8, achados esses ainda não descritos na literatura. Salgado estudou a técnica ablativa com laser de dióxido de carbono e observou que a quantidade de linfócitos CD4 e CD8 eram iguais, antes e após 15 e 90 dias do tratamento.16

Este estudo é o primeiro relato que mostrou aumento de ICAM-1 na derme após 6 meses do início do tratamento. Esse aumento foi estatisticamente significativo, demonstrando aumento dos capilares sanguíneos na derme. Sabe-se que o ICAM é uma glicoproteína de membrana de adesão intercelular, estando relacionada à adesão de leucócitos no endotélio vascular. Esta alteração pode estar relacionada ao processo inflamatório, pois a glicoproteína ICAM é produzida quando há invasão da parede dos vasos por leucócitos, ou simplesmente estar evidenciando neoformação vascular por reperfusão de vasos pré-existentes.17,18



CONCLUSÃO

A luz intensa pulsada constitui boa opção de tratamento para o fotoenvelhecimento cutâneo, sendo uma técnica não-ablativa, segura e eficaz, visto que a melhora clínica observada pelos pacientes encontra paralelo na análise histológica.

REFERÊNCIAS

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